Se você teve o mínimo interesse de visitar o meu Padrim, eu posso supor tranquilamente que você sabe quem eu sou, o que é o HBD, e se duvidar você é do tipo de leitor que lembra de coisas sobre mim que eu mesmo já esqueci. Mas vamos seguir a cartilha do crowdfunding:

 

Se eu tenho algo que pode ser descrito como o meu "life's work", como diria Shakespeare, é o HBD. O Hoje é um Bom Dia (que vocês chamavam tanto de HBDIA que eu nem corrijo mais apontando que essa é a URL e não a sigla "oficial" do site, mas fica aí essa correção subliminar) é um blog pessoal que existe initerruptamente desde 2001, quando eu ainda morava no Brasil. 

 

É um dos blogs brasileiros mais longevos e é, sem qualquer dúvida, a atividade que eu passei mais tempo na minha vida exercendo. Leitores do HBD presenciaram minha mudança pro Canadá, meu hipotético amadurecimento, um casamento, um divórcio... É uma vida inteira compartilhando meus pensamentos -- frequentemente errados, tenho um monte desses -- com desconhecidos na internet.

 

Por muito tempo, manti o site como um hobby. Aquela época mágica do tempo livre farto (taí um negócio que eu tenho saudade...) permitia tranquilamente dedicar horas e horas do dia com algo que não me ajudaria em nada a pagar as compras do mês. 

 

Mas o tempo foi passando, a barriga aumentando, os dentes entortando, o cabelo caindo, e, talvez o pior sintoma da vida adulta, os boletos acumulando. Escrever ainda me dá prazer, mas como jogar Command and Conquer, comer Bis ou bater punheta, eu não posso me dar ao luxo de gastar horas e horas do dia com algo só porque aquilo me dá prazer. Eu sou infelizmente um escravo do locatário do apartamento onde moro, do banco que financiou meu carro, e dos juros de empréstimos estudantis. 

 

E principalmente, sou um escravo da corrida dos ratos. Todo santo dia, quase 10 horas são sacrificados no altar do opressor e onipotente Deus-Emprego. Houve um tempo em que eu tinha muito orgulho das funções que exerço no escritório, mas a medida que os anos vão passando, as oportunidades se estreitando, e a visão retrospectiva ganha a sabedoria da experiência de vida, eu tive que finalmente admitir pra mim mesmo que jamais serei feliz com um "emprego convencional", e o que eu realmente gosto e me sinto bem fazendo é contando histórias pra vocês. 

 

Muitos de vocês reclamaram, ao longo de ANOS, que o site ficou em segundo plano pro meu canal no YouTube. Ou, o que frequentemente soa como uma acusação mais grave, reclamam que eu tento agradar o mínimo denominador comum, falando de estridências políticas, ou de insignificantes polêmicas du jour de internet. "Tenho saudade do Izzy dos textos da Bel Pesce, do cocô no tapete do banheiro, ou daquela maluquice lá com a presidente da Coréia do Sul", eu ouvi muitas vezes.

 

O problema é que nenhum desses textos garante mais um aluguel pago. Eu não posso chegar no posto de gasoluna com uma lista de nome de pessoas que compartilharam meu último sobre a ocasião em que meu Super Nintendo foi sequestrado e dizer "taqui 150 joinhas, bota aí de gasolina, chapa!" PORRA, imagina como seria foda se desse!

 

Então eu faço a proposta a você, leitor do HBD que morre de saudade da época áurea do site e que tem, sei lá, 5 reais sobrando no final do mês.

Se você mandar esses cinco reais pra mim, eu farei o melhor que posso pra te entreter por um mês com aquele tipo de artigo que você não encontra mais na internet.

Sou suspeito pra falar, mas parece um bom negócio. Com a sua ajuda, e seus reais (essa parte é importante), eu posso cavalgar até o altar do Deus-Emprego, empunhar esse dinheiro como uma espada e matar esse gigante igual no Shadow of the Colossus, ao mesmo tempo que digo "Pau no seu cu. Vou pagar a parcela do carro contando piadas na internet, observe."

Resumindo: quando éramos mais novos, tudo que a gente gostava era dado a nós de graça. Quando crescemos, a gente começa a ter que pagar por essas coisas legais que a gente curte. O HBD vale, sei lá, dez reais por mês pra você?